Álcool e Desempenho: 5 Efeitos que Podem Sabotar Seu Treino

Para quem busca resultados sólidos na musculação, seja para aumentar a massa muscular ou reduzir gordura, é comum focar em treinos intensos e uma alimentação balanceada. No entanto, um fator que pode estar atrapalhando seus resultados e seu desempenho sem que você perceba é o CONSUMO DE ÁLCOOL. Mesmo um drink ocasional pode ter efeitos fisiológicos profundos, impactando diretamente o desempenho, a recuperação muscular e até mesmo os hormônios essenciais para o crescimento e definição muscular. Vamos entender melhor como o consumo dessa substância age no corpo e por que ele pode ser um vilão para seus objetivos.

1. O Álcool e a Síntese Proteica: Impacto no Crescimento Muscular e Resultados Do Seu Treino.

A síntese proteica muscular é o processo de reparo e construção muscular após o treino. Este processo é essencial para a hipertrofia, pois é quando o corpo utiliza aminoácidos para regenerar as fibras musculares desgastadas pelo exercício. No entanto, o álcool interfere nesse processo, inibindo a síntese proteica. Pesquisas apontam que o consumo de bebida alcóolica pode reduzir a síntese proteica muscular, comprometendo o ganho de massa muscular (Parr et al., 2014).

Além disso, o álcool afeta a sinalização da mTOR (mammalian target of rapamycin), uma via metabólica essencial para a síntese proteica, reduzindo a resposta anabólica do organismo após o treino (Kimball & Jefferson, 2006). Com essas informações, podemos dizer a grosso modo que você pode ter feito um treino que não te trará muitos resultados, pois houve uma falha na recuperação muscular.

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2. Interferência Hormonal: Redução da Testosterona e Aumento do Cortisol

O álcool interfere diretamente na produção de hormônios importantes para o crescimento muscular, especialmente a testosterona, enquanto eleva os níveis de cortisol, conhecido como hormônio do estresse. Existe uma correlação no metabolismo do corpo entre cortisol e testosterona. Esse aumento de cortisol dificulta a regeneração muscular e reduz os ganhos de força e massa muscular. Estudos mostram que o consumo alcóolico afeta o eixo hormonal e aumenta o catabolismo, dificultando a construção muscular e a recuperação (Vingren et al., 2013).

3. Desidratação e Perda de Nutrientes: Efeito no Desempenho e Recuperação

O álcool é um diurético poderoso e promove a eliminação de líquidos e nutrientes essenciais do organismo, resultando em desidratação. Essa perda de água afeta o desempenho no treino, já que a hidratação é crucial para a função muscular e para a eliminação de toxinas geradas durante o exercício. Uma pesquisa publicada no Journal of Athletic Training demonstrou que a desidratação pode reduzir a força e aumentar a percepção de esforço durante o exercício (Casa et al., 2000). Lembre-se que um músculo bem hidratado consegue promover mais força e aparenta mais volumoso.

Além disso, o beber afeta a absorção de nutrientes como potássio e magnésio, essenciais para a função muscular, aumentando a dor muscular pós-treino e dificultando a recuperação.

4. O Álcool e a Queima de Gordura: Dificuldades na Definição Corporal

Para quem busca reduzir o percentual de gordura corporal, o álcool representa um obstáculo significativo. Isso ocorre porque o corpo prioriza a metabolização dessa substância antes de qualquer outro nutriente, diminuindo a queima de gorduras, em outras palavras, o corpo precisa “se livrar” do álcool presente para que depois ele possa utilizar as gorduras mais facilmente como fonte de energia. Aquela sensação de “moleza” e falta de energia após uma noite de bebedeira é reflexo dessa falta de metabolismo da gordura.

Um estudo no American Journal of Clinical Nutrition observou que o consumo de bebida alcóolica reduz em até 73% a oxidação lipídica, dificultando o uso da gordura armazenada como fonte de energia (Suter et al., 1992). Esse efeito compromete a definição muscular e a redução de gordura corporal.

5. Efeitos no Sono e na Recuperação Muscular

A recuperação muscular ocorre durante o sono profundo e a fase REM (Rapid Eye Movement), ambas essenciais para o reparo e o crescimento muscular. O álcool interfere no ciclo de sono, reduzindo o tempo de sono REM e prejudicando a qualidade do descanso. Estudos apontam que pessoas que bebem podem diminuir o sono REM em até 9% em consumidores leves e 39% em consumidores pesados (Ebrahim et al., 2013). A falta de descanso adequado afeta diretamente a disposição e a energia no dia seguinte, prejudicando a continuidade do treino e os resultados a longo prazo.

Álcool: uma Substância Perigosa?

Para alcançar seus objetivos de treino de forma mais consistente, é fundamental compreender o impacto abrangente que o álcool pode ter no seu organismo. Embora a princípio ele pareça inofensivo, os efeitos vão muito além das calorias adicionais. O álcool interfere diretamente na síntese proteica, crucial para a construção muscular; altera níveis hormonais essenciais para o crescimento e recuperação, como a testosterona e o cortisol; causa desidratação, reduzindo a eficiência muscular e a capacidade de eliminar toxinas; e compromete o metabolismo de gordura, retardando o uso das reservas adiposas como fonte de energia.

Além disso, beber prejudica a qualidade do sono, interrompendo as fases mais profundas e reparadoras, o que é vital para a recuperação muscular e a disposição no dia seguinte. Assim, reduzir ou eliminar o consumo da bebida pode criar um ambiente mais favorável para o desenvolvimento muscular, otimizar a recuperação e contribuir para um desempenho geral mais consistente. Essa mudança não apenas facilita a obtenção de resultados mais rápidos, mas também ajuda a manter um estilo de vida mais saudável, promovendo um corpo e mente preparados para os desafios dos treinos.


Referências deste texto.

  • Parr, E. B., Camera, D. M., Areta, J. L., & Burke, L. M. (2014). Alcohol ingestion impairs maximal post-exercise rates of myofibrillar protein synthesis following a single bout of concurrent training. Journal of Physiology, 592(24), 5329-5344.
  • Kimball, S. R., & Jefferson, L. S. (2006). Signaling pathways and molecular mechanisms through which branched-chain amino acids mediate translational control of protein synthesis. Journal of Nutrition, 136(1), 227S-231S.
  • Casa, D. J., et al. (2000). National Athletic Trainers’ Association position statement: Fluid replacement for athletes. Journal of Athletic Training, 35(2), 212-224.
  • Suter, P. M., Schutz, Y., & Jéquier, E. (1992). The effect of ethanol on fat storage in healthy subjects. American Journal of Clinical Nutrition, 55(3), 593-599.
  • Ebrahim, I. O., Shapiro, C. M., Williams, A. J., & Fenwick, P. B. (2013). Alcohol and sleep I: effects on normal sleep. Alcoholism: Clinical and Experimental Research, 37(4), 539-549. LINK

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